08 maio 2011

O passo a tomar

Imagina-te em cima de uma ponte – de uma extensa ponte. Agora, o que vês daí? O que sentes enquanto estás ai em cima? Não te vou descrever aquilo que espero que vejas. É preferível que olhes por ti, imagines e realizes. E o que sentes? Liberdade? Fascínio? Serenidade? Raiva?
Não, não posso descrever o que sentes. Na verdade, tenho dificuldades em perceber o que pretendes com fachadas, mentiras e partidas, depois de uma história longa pronta a acabar, quando eu apenas pensava que ainda se encontrava no início.
Para ti, posso ser tudo. Por ti, posso fazer tudo. Mas hoje, vou te dizer como me sinto em cima de uma ponte de madeira. Em cima dela, sinto-me frágil visto que uma ponte destas pode sempre ir a baixo com uma simples pressão ou, uma complexa fragmentação pode desmoronar tudo e eu cair com ela. Mas então, se estou num plano tão instável, porque razão continuo aqui?
Estou apaixonada é verdade, mas o que é ela comparada à felicidade? Não deveria ser ela, aquela que abraça a mesma?
Compreendes quando digo que, quando te habituas a algo, a um vício, se torna difícil de deixar? A realidade é que esta ponte prendeu-me a ela de uma forma que eu não queria. Nesta ponte, tudo o que foi vivido, criou raízes debaixo de mim e agora, cortar esta raiz pode ter dois finais: ou murcho, ou continuo viva. Mas sabes, tenho medo. Medo de ficar sozinha. Medo de murchar.
Visualizo o que vejo daqui. Agarro-me à ponte porque mesmo estando presa, tenho medo de cair. Olho em frente e um fundo de substâncias do passado envolve como um filme que não pára. Olho para trás de mim – não vejo nada. Olho novamente em frente – nada!
E se eu cortar a raiz? E se eu, finalmente, ganhar coragem e sair desta ponte? Sim, vai custar. Não custa sempre? Mas e então? Posso continuar viva, não posso?

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